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10 casos de sucesso que comprovam a utilidade clínica das células estaminais

As células estaminais possuem características únicas, que permitem a substituição das células que vão morrendo e a reparação de tecidos danificados. Adicionalmente, as suas propriedades conferem-lhes um grande potencial para o tratamento de diversas doenças. Pedimos ajuda a Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, para sabermos mais sobre estas células potentes.

Em todo o mundo, a utilização de células estaminais do sangue do cordão umbilical é já uma realidade bem patente, tendo sido realizados, até à data, mais de 45 mil transplantes com recurso a esta fonte de células estaminais. As células estaminais do sangue do cordão umbilical são semelhantes às que se encontram na medula óssea, podendo ser usadas no tratamento de mais de 80 doenças, incluindo doenças oncológicas, deficiências medulares, doenças metabólicas, imunodeficiências e hemoglobinopatias.

Para além disso, nos últimos dez anos, o número de novas aplicações terapêuticas do sangue do cordão umbilical em estudo aumentou marcadamente, tendo envolvido já mais de 800 doentes tratados no âmbito de estudos clínicos experimentais. O tecido do cordão umbilical é outra fonte de células estaminais que ganhou destaque nos últimos anos, estando já registados mais de 170 ensaios clínicos que visam testar a sua aplicação clínica num leque alargado de doenças, nomeadamente em doenças de caracter autoimune.

Estes são alguns exemplos de tratamentos com células estaminais realizados com sucesso, que vêm comprovar a sua utilidade clínica:

1. Anemia Aplástica Grave

Uma criança portuguesa, de quatro anos de idade, entrou em remissão após transplante com as células estaminais do seu sangue do cordão umbilical para tratar anemia aplástica grave. Esta doença ocorre quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas suficientes, provocando anemia, hemorragias e infeções. O tratamento foi realizado em abril de 2019, na Unidade de Transplante de Medula do IPO de Lisboa.

2. Queimaduras graves

Um jovem de cerca de 25 anos com queimaduras graves em 70% do corpo, provocadas por um incêndio doméstico, foi submetido, no Canadá, a um tratamento experimental com células estaminais. O tratamento conduziu à cicatrização de todas as feridas, permitindo ao jovem levar uma vida normal.

3. Bebés Prematuros

Um estudo publicado na revista científica Stem Cells Translational Medicine, mostrou que a administração autóloga de sangue do cordão umbilical em bebés prematuros reduziu significativamente o tempo de suporte respiratório que estes bebés necessitariam. Pelas suas propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, o sangue do cordão umbilical está a ser investigado para a prevenção de complicações associadas à prematuridade.

4. Lesões nos joelhos (Osteocondrite Dissecante do Joelho)

Dois jovens atletas, de 16 e 17 anos de idade, diagnosticados com osteocondrite dissecante do joelho, foram submetidos a um tratamento experimental que consistiu na injeção direta de células estaminais no local da lesão. Este tratamento permitiu a regeneração da cartilagem, que posteriormente se verificou possuir características semelhantes às da cartilagem original. Ao fim de um ano, estes jovens puderam voltar a praticar a sua modalidade de eleição.

5. Osteoartrite do joelho

Vinte e três doentes com osteoartrite do joelho foram tratados com células estaminais mesenquimais de tecido adiposo autólogo, obtido por lipoaspiração. Após o tratamento, os doentes apresentaram um aumento significativo do volume da cartilagem afetada, redução do nível da dor e melhoria da qualidade de vida.

6. Lesões Cerebrais

Um adolescente de 16 anos, que, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, sofreu lesões cerebrais, apresentou uma recuperação notável após tratamento com células estaminais do tecido do cordão umbilical. O jovem, que tinha ficado severamente incapacitado, recuperou totalmente, tanto a nível motor como cognitivo.

7. Lupus Eritematoso Sistémico (LES)

Investigadores da Universidade de Valladolid, Espanha, administraram células estaminais mesenquimais da medula óssea a três doentes diagnosticados com LES há mais de 15 anos, com dificuldade em controlar a doença através da terapêutica convencional. Este tratamento experimental permitiu que os doentes entrassem em remissão e reduzissem em 50-90% a dose de medicação utilizada para controlar a doença.

8. Fístula Broncopleural

Uma mulher de 33 anos foi, durante dois anos, submetida a vários procedimentos malsucedidos com a finalidade de fechar uma fístula broncopleural contraída na sequência da remoção de um lobo de pulmão devido à presença de quistos pulmonares. A aplicação de células estaminais do tecido do cordão umbilical permitiu fechar a fístula broncopleural e devolver qualidade de vida à paciente.

9. Anemia Falciforme

Uma criança de oito anos com anemia falciforme ficou curada após um transplante hematopoiético, realizado em 2017, nos EUA, com a amostra de sangue do cordão umbilical do seu irmão mais novo, que tinha sido guardada num banco familiar. Um ano depois do transplante, o menino estava totalmente curado, vivendo uma vida saudável.

10. Falência Ovárica Prematura

Duas doentes com falência ovárica prematura que participaram num ensaio clínico conseguiram engravidar de forma natural no primeiro ano após tratamento com células estaminais. Antes do tratamento experimental, que consistiu na aplicação de células estaminais diretamente nos ovários, nenhuma das 14 participantes demonstrava sinais de fertilidade ou de produção de ovócitos. Após o tratamento, foi possível observar, em várias participantes, maturação de ovócitos e, inclusive, a presença de ovócitos maduros.

fonte: https://lifestyle.sapo.pt/saude/noticias-saude/artigos/celulas-estaminais-10-casos-de-sucesso-que-comprovam-a-sua-utilidade-clinica