A comunidade científica está empenhada em testar uma nova tecnologia que visa desenvolver a chamada ‘supershot’, uma vacina de toma única, que protege contra todas as variantes do SARS-CoV-2. Investigadores dizem que é possível, e que pode estar pronta “dentro de 12 ou 14 meses”, segundo o ‘Expresso’.
“Todos os estudos iniciais em animais mostram que é uma estratégia muito viável”, refere João Gonçalves, investigador da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, citado pelo jornal.
Segundo o farmacologista, investigadores “estão a desenvolver estratégias de inteligência artificial que vão prever como é que o vírus vai evoluir ao longo do tempo”, acrescenta.
Ainda assim, o responsável sublinha que é preciso tempo. “Essa metodologia ainda não está afinada o suficiente. Penso que vamos precisar de mais um ano, pelo menos”, adianta ao jornal.
Também o seu colega, Nuno Vale, mostra-se entusiasmado com esta ideia. “Daqui a uns anos podemos estar a falar de uma vacina que limpa tudo o que seja viral, mas precisamos de mais um ano para termos os resultados dos ensaios clínicos”, refere.
O também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, adianta ainda que já existem ensaios clínicos de fase 2 iniciados com vacinas ‘supershot’ e os da terceira fase “devem arrancar no próximo ano”.
“Dentro de 12 ou 14 meses será feito o pedido de aprovação” para as ‘supershots’, aponta o responsável. “Num ano [os laboratórios] devem ter tudo pronto”, até porque “é um nicho de mercado muito interessante” para as empresas farmacêuticas, afirma.
Nuno Vale explica ainda que “estas vacinas multivalentes podem trazer a possibilidade de produzir mais anticorpos: ao estimularem de uma forma mais completa e abrangente aumentam a capacidade de resistir a vários tipos de infeções”, esclarece.
Segundo o especialista, “vamos ter quase robocops no nosso corpo, digamos assim. Se pensarmos nas células T como soldados, com esta ‘supershot’ passamos a ter uma tropa de elite que nos pode defender de vários ataques virais”, conclui.