Com as taxas de vacinação a aumentar e a dificuldade económica de aguentar mais confinamentos, alguns países decidiram avançar e permitir aos seus cidadãos e aos estrangeiros que vivam as suas vidas de mãos dadas com a Covid-19
O sonho do mundo inteiro já for uma realidade para alguns. Muitos são os países que começam a abrandar as medidas de contenção contra a Covid-19, porém há nações que vão ainda mais além e desenvolveram uma estratégia de vida – “living with Covid” ou em português “viver com a Covid” – conciliando o que agora designamos de “antigo normal” e o vírus.
Dinamarca
O Governo dinamarquês suspendeu, após 548 dias, todas as restrições impostas devido à pandemia no dia 10 de setembro, justificando que a Covid-19 já não é “uma doença que seja uma ameaça crítica para a sociedade”.
Tornando-se um dos primeiros países da Europa a dar um passo em frente, o tão polémico “passaporte Covid” deixou de ser necessário, o que significa que as pessoas são livres de entrar, por exemplo, nos restaurantes e nas discotecas. A máscara nos transportes públicos já está fora de moda e os ajuntamentos também deixaram de ser um problema.
Se todas estas medidas antigamente eram um ritual obrigatório, agora o plano de vacinação da Dinamarca veio aliviar o quotidiano. De acordo com o Our World in Data, no dia 14 de setembro, a Dinamarca tinha 74,18% da população vacinada.
A taxa de transmissão está atualmente em 0.7, valor que o ministro da Saúde, Magnus Heunicke, partilhou na conta pessoal de Twitter e que mostram que a epidemia continua a diminuir.
Ainda que o cenário atual seja o que todos ansiavam, o governante não deixou de esclarecer que “embora estejamos num bom lugar, não estamos fora da epidemia e o Governo não hesitará em agir rapidamente caso a pandemia volte a ameaçar funções importantes da sociedade”.
No entanto, a máscara ou a viseira ainda são obrigatórios nos aeroportos e as pessoas são aconselhadas a usá-las em consultas médicas e hospitais. As restrições de entrada no país ainda continuam a aplicar-se a estrangeiros.
Singapura
Uma estratégia de rotina planeada para que os cidadãos pudessem voltar à normalidade foi uma aposta do país. Numa fase inicial, Singapura fazia parte de um grupo de países que defendia metas de Covid-zero, mas devido ao aumento de casos em julho, o plano passou a ser tentar controlar os surtos através da vacinação e monitorizar as hospitalizações, em vez de restringir a vida dos cidadãos.
As autoridades competentes começaram a aliviar algumas restrições em agosto, permitindo que pessoas totalmente vacinadas jantassem em restaurantes e se reunissem em grupos de cinco.
No entanto, a variante Delta – bastante mais infeciosa – levou a um aumento dos casos diários e, por consequência, a reabertura do país foi posta em pausa. Mesmo com 81% da população vacinada as autoridades alertaram, ainda, que, caso o surto não seja contido, será necessário re-impor restrições, sendo que o Ministério da Saúde já proibiu reuniões nos locais de trabalho.
Tailândia
As autoridades tailandesas planeiam reabrir já no próximo mês de outubro vários destinos, onde Banguecoque está inserida, aos turistas estrangeiros, com o intuito de revitalizar o turismo, mesmo com o aumento do número de infeções.
Turistas que estejam totalmente vacinados contra a Covid-19 e se comprometem a um regime de testes terão permissão para entrar na capital, Hua Hin, Pattaya e Chiang Mai, de acordo com a Reuters.
A ilha de Phuket iniciou o processo de reabertura a estrangeiros ainda no início de julho, sem requisitos de quarentena, como projeto piloto da nova estratégia de reabertura. A meio do mês, o país lançou um programa semelhante nas ilhas de Koh Samui, Koh Pha Ngan e Koh Tao.
Apesar de todas as decisões de reabertura, a Tailândia ainda só tinha 18,96% da população completamente vacinada na última quarta-feira, de acordo com o Our World in Data.
África do Sul
As restrições também já começam a abrandar na África do Sul. Medidas como a redução do recolher obrigatório para somente entre as 23h até as 4h, o tamanho das reuniões permitidas aumentou para 250 pessoas em espaços fechados e 500 ao ar livre e as restrições à venda de álcool foram novamente reduzidas.
Num país onde as medidas de distanciamento social foram sempre rigorosas, proibindo até todas as reuniões, exceto para funerais, às vezes, há agora uma luz ao fundo do túnel, mesmo com taxas de vacinação baixas.
O Presidente Cyril Ramaphosa explicou que com as doses de vacinas que o país tem disponibilizadas e que são suficientes para toda a população adulta, é possível enfrentar a terceira vaga causada pela variante Delta. Em cima da mesa também já está a possibilidade de apresentação de um “passaporte Covid”.
O país, na última quarta-feira, ainda só tinha 12,67% da população vacinada, mas o Presidente encorajou a vacinação para que o país possa voltar ao normal.
Chile
A rápida vacinação do Chile permite que o país já tenha cerca de 80,5% da população vacinada, de acordo com a Reuters. O país já começou a distribuir doses de reforço para quem já estava totalmente vacinado e o Instituto de Saúde Pública do Chile aprovou a administração da vacina da Sinovac contra a covid-19 a crianças a partir dos seis anos, que teve início na última segunda-feira.
Mesmo com a ameaça da variante Delta o Governo também decidiu, na última quarta-feira, avançar com medidas de reabertura ao turismo já no início de outubro. Os estrangeiros poderão entrar no país desde que cumpram alguns requisitos e fiquem em isolamento durante cinco dias. Tais medidas irão permitir ao Chile recuperar economicamente o setor do turismo.