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Espondilartrite Axial: perguntas e respostas que precisa de saber sobre esta doença

A Espondilartrite Axial contempla a Espondilartrite Axial radiográfica, classicamente designada Espondilite Anquilosante, e a Espondilartrite Axial não-radiográfica. Apesar da sua baixa prevalência, estima-se que a Espondilartrite Axial Radiográfica afete, em média, 5 pessoas em cada 1.000 habitantes em Portugal com um impacto muito grande na sua qualidade de vida. É uma doença que gera por vezes dúvidas. Esclareça algumas delas neste artigo.

Que doença é esta?

A Espondilartrite Axial é uma doença reumática inflamatória que afeta predominantemente as articulações da coluna vertebral e as articulações sacroilíacas e divide-se em dois tipos:

– Espondilartrite axial radiográfica, classicamente designada Espondilite Anquilosante (pressupõe a existência de alterações no raio-X da bacia);

– Espondilartrite axial não-radiográfica (ainda sem alterações no raio-X da bacia, mas com evidência de inflamação na ressonância magnética);

A espondilartrite axial radiográfica ocorre mais frequentemente nos homens, enquanto que a espondilartrite axial não-radiográfica afeta de igual forma os dois géneros. É tipicamente diagnosticada em pessoas com menos de 45 anos, mas na maior parte dos casos, os sintomas surgem entre os 20 e os 30 anos.

A espondilartrite axial não se transmite de forma obrigatória de pais para filhos, mas os familiares dos doentes com espondilartrite axial têm maior probabilidade de desenvolver a doença, devendo estar atentos à sintomatologia típica.

Segundo o estudo “arEA – Avaliação dos resultados na Espondilite Anquilosante”, 63% dos inquiridos reconhece que a doença dificulta o acesso ao mercado de trabalho e 46% perdeu o emprego ou deixou de trabalhar por causa da patologia. Por outro lado, 55% dos doentes referem ter dificuldade na execução das limpezas domésticas, 46% em fazer exercício físico e 45% em deitar-se ou levantar-se.

Estima-se ainda que a doença tenha um impacto global na produtividade do país avaliado em 656 milhões de euros.

Quais os sinais e sintomas?

A espondilartrite axial é caracterizada por uma dor nas costas de ritmo inflamatório que dificulta o sono, que melhora com o exercício, mas agrava em repouso, podendo, por vezes, levar a despertares noturnos na segunda metade da noite, durante 3 ou mais meses consecutivos. Ao acordar (ou após longos períodos de repouso), os doentes podem também manifestar uma rigidez, uma “prisão de movimentos”, com uma duração geralmente superior a 30 minutos. A fadiga é igualmente uma queixa muito comum.

Apesar do predomínio das manifestações clínicas axiais (articulações da coluna vertebral e/ou sacroilíacas), pode ocorrer simultaneamente inflamação de articulações periféricas (ex: articulações dos joelhos).  Alguns doentes podem ainda apresentar entesite, ou seja, inflamação do local onde os ligamentos se inserem nos ossos, podendo até esta ser a primeira manifestação de um doente com espondilartrite axial. As entesites mais comuns são a do tendão de Aquiles e as da fáscia plantar.

Apesar dos doentes apresentarem os primeiros sinais e sintomas entre os 20 e os 30 anos, em média só são diagnosticados 7 anos depois, uma vez que a maioria confunde a dor na coluna lombar de ritmo inflamatório com uma dor de ritmo mecânico, subvalorizando as suas queixas. Torna-se fundamental dar a conhecer a reumatologia como a especialidade a consultar perante esta sintomatologia.

Quais as causas?

Segundo dados da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), as causas permanecem desconhecidas, mas pensa-se que fatores genéticos e ambientais estejam na sua origem.

A presença de um marcador genético – o alelo HLA B27 – pode ser identificada em cerca de 90% dos doentes com espondilite anquilosante. No entanto, muitos indivíduos saudáveis são portadores deste alelo – cerca de 8% nos caucasianos – e apenas uma minoria apresenta a doença.

Tem cura?

Não existe cura para a espondilartrite axial. No entanto, com um tratamento e um estilo de vida adequados, a esperança média de vida de um portador desta patologia é igual à da população em geral, sendo possível viver uma vida sem dor.

Qual a importância do diagnóstico precoce?

A referenciação é essencial para estabelecer um diagnóstico rápido e início de tratamento adequado, de forma a antecipar o agravamento dos sinais e sintomas.

É possível prevenir?

Não é possível prevenir o surgimento de uma espondilartrite, pelo que o diagnóstico precoce é muito importante.

Caso apresente os sintomas já referidos, deverá consultar o seu médico de família para que possa ser referenciado para a Reumatologia o mais rapidamente.

Na espondilartrite axial, além do tratamento farmacológico, a prática de atividade física é essencial para preservar a mobilidade e prevenir a perda funcional.

Qual o tratamento?

O médico especialista em reumatologia deverá selecionar o melhor plano de tratamento para cada caso. O tratamento da doença depende do tipo de envolvimento. Tal poderá incluir fisioterapia, exercício físico e terapêutica farmacológica que pretende reduzir a dor e a inflamação. A decisão de qual o melhor tratamento, deve ser feito em conjunto com o médico especialista.

A maioria dos doentes, se atempadamente diagnosticados e tratados, terá a doença controlada, e a possibilidade de viver uma vida normal e sem dor.

O que fazer no dia a dia para diminuir o impacto desta e de outras doenças?

Na sua rotina diária, deve optar por comportamentos saudáveis e um estilo de vida protetor. Durma entre 7 a 8 horas por dia, pratique exercício físico de forma moderada e tenha uma alimentação variada e rica em nutrientes. Evite também alguns fatores de risco para diversas patologias, como fumar ou ingerir bebidas alcoólicas, que deve evitar.

Existem também algumas dicas que o(a) podem ajudar a melhorar o seu dia-a-dia: ao acordar, tome um duche quente e prolongado para aliviar a rigidez matinal; opte por vestuário prático e confortável e por sapatos sem salto, para não acentuar a curvatura normal da coluna; distribua, de forma equilibrada, o peso dos sacos de compras pelos dois braços; adapte a sua casa às suas capacidades; durma numa cama dura, de barriga para baixo, sem almofada. Se não for possível, opte por dormir de barriga para cima, com uma almofada muito pequena ou sem almofada; evite dormir de lado.

Qual a especialidade médica mais indicada?

O seu médico assistente e o seu reumatologista são essenciais na gestão da doença.

Também pode recorrer à Associação Nacional de Espondilite Anquilosante (ANEA) ou à Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).

É importante que esteja à vontade para falar com o seu médico reumatologista sobre a sua situação em particular, expondo-lhe todas as suas dúvidas.

Qual a importância do acesso a medicamentos eficazes?

Com um tratamento e um estilo de vida adequados, a esperança média de vida de uma pessoa com espondilartrite axial é igual à da população em geral.

fonte: https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/espondilartrite-axial-perguntas-e-respostas-que-precisa-de-saber-sobre-esta-doenca