Manuel Carmo Gomes, epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), tem “esperança” de que seja possível controlar a pandemia, mas alerta que os portugueses não devem “encarar isto como uma guerra já ganha”, porque não é o caso.
Em declarações à ‘Antena 1’, o responsável espera que “a incidência, ainda que aumente (nos mais novos), seja compensada por um decréscimo (da infeção) nos grupos etários mais idosos, e que portanto não venha a ser necessário voltar a atrás neste passo que o senhor Presidente anunciou”, disse referindo-se ao término do Estado de Emergência.
“Tenho essa esperança, acho que nós portugueses fizemos um grande esforço, mas ainda não temos o combate totalmente ganho, devemos continuar a manter aquelas precauções que não impedem a nossa atividade normal: o distanciamento, as máscaras, a higiene”, sublinhou o especialista.
Manuel Carmo Gomes reitera que nenhuma destas medidas são “impeditivas de que possamos retomar as nossas vidas, mas não podemos baixar a guarda ainda totalmente, nem encararmos isto como uma guerra já ganha”, alertou, citado pela estação de rádio.
Recorde-se que o Presidente da República anunciou ontem que não vai propor ao parlamento renovar o estado de emergência, que assim terminará na sexta-feira, 30 de abril, pelas 23:59. “Tudo visto e ponderado, decidi não renovar o estado de emergência”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, numa comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa.
Apesar de manifestar confiança na sensatez e solidariedade de cada português, Marcelo admitiu voltar atrás: “O passo por mim hoje dado é baseado na confiança, numa confiança que tem de ser observada por cada um de nós. E por isso mesmo, sem estado de emergência, como tem feito, e bem, o Governo, e o senhor primeiro-ministro tornado claro nas suas intervenções, há que manter ou adotar todas as medidas consideradas indispensáveis para impedir recuos, retrocessos, regressos a um passado que não desejamos.”
“E eu acrescento que, se necessário for, não hesitarei em avançar com novo estado de emergência, se o presente passo não deparar ou não puder deparar com a resposta baseada na confiança essencial para todos nós”, declarou o chefe de Estado.
O responsável deixou também um apelo aos portugueses. Citando os especialistas, o Presidente da República referiu que Portugal não está “livre de covid, livre de vírus”, que cada pessoa pode contribuir para que “a doença continue a transmitir-se” e que se enfrenta “o risco de novas variantes menos controláveis pela vacina, à medida que se multiplicam os contactos e as infeções”.
“O passo por mim hoje dado é baseado na confiança, numa confiança que tem de ser observada por cada um de nós”, afirmou. “Eu acredito na vossa sensatez e solidariedade, numa luta que é de todos, e nessa luta temos de poder contar com cada um de nós”, reforçou.