As vacinas desenvolvidas contra a Covid-19 apresentam – tal como quaisquer outras vacinas – possíveis reações adversas. Um dos riscos descobertos mais recentemente diz respeito à possibilidade de desenvolver Paralisia de Bell (ou seja paralisia do nervo facial ou paralisia facial periférica), segundo adianta um novo estudo publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases.
Reportado pela edição norte-americana da Forbes, o estudo indica que o risco de ficar com parte do rosto paralisado temporariamente é muito pequeno e que os benefícios associados à vacina superam em larga escala esta reação hipotética.
A análise foi realizada com base em dados reportados pelas autoridades de Hong Kong relativamente a efeitos secundários registados entre 23 de fevereiro e 4 de maio deste ano. Comparando o número de pessoas vacinadas (num universo de cerca de um milhão que receberam o fármaco da Pfizer ou da Sinovac) com a população em geral, foi possível descobrir que a incidência de paralisia de Bell não é significativa.
Os investigadores estimam que as pessoas que receberam a vacina da Sinovac têm uma probabilidade 2,4 vezes maior de desenvolver paralisia de Bell face à população em geral, ou seja, mais 4,8 casos em cada 100 mil cidadãos vacinados.
Por outro lado, a vacina da Pfizer não apresentou níveis relevantes de risco: as pessoas vacinadas com este fármaco são 1,8 vezes mais suscetíveis de desenvolver esta condição, ou seja, mais 2 casos por cada 100 mil cidadãos vacinados.
Ainda assim, os investigadores sublinham que é necessário realizar mais estudos para conhecer melhor os efeitos das vacinas e a sua relação com a paralisia de Bell. Para já, os números apontam para um reação adversa rara e, maioritariamente, temporária.
«Todas as evidências até à data, de múltiplos estudos, mostram que os efeitos protetores e benéficos da vacina contra a Covid-19 ultrapassam em muito quaisquer riscos», garante Ian Chi Kei Wong, investigador responsável pela análise publicada hoje.