Com a evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal e o decorrer do processo de vacinação, as tendências de infeção e mortalidade vão-se alterando. Agora, os idosos com mais de 80 anos e não vacinados morrem três vezes mais do que os vacinados, avança o ‘Diário de Notícias’ (DN).
Segundo a mesma publicação, que cita dados fornecidos pelo pelo diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde (DGS), André Peralta Santos, de forma geral a taxa de letalidade diminuiu até junho, mas voltou a subir em julho e agosto, estando agora nos 0,3%.
Apesar deste aumento, o especialista da DGS ressalva que esta “é uma taxa consideravelmente mais baixa do que a de março”, altura em que se situava nos 1,3%, afirmou.
Quanto a grupos etários específicos, a DGS revela que mais de metade dos óbitos verificados durante o mês de julho, foram na faixa etária acima dos 80 anos: cerca de 135, num total de 260.
Para além disso, os dados enviados ao ‘DN’ mostram ainda que a taxa de letalidade nesta faixa etária triplicou nos idosos ainda não vacinados, em relação àqueles que já tinham a vacinação completa.
Assim, adianta o jornal, a taxa de letalidade naqueles que ainda não tinham qualquer dose de vacina e ficaram infetados foi de 19,6%, um valor que desce para 12,3% nos que já tinham uma dose e para 6,4% nos totalmente vacinados contra a Covid-19.
André Peralta Santos ressalva ao ‘DN’ que a percentagem da taxa de letalidade dos não vacinados “é muito significativa, pois neste momento o número de idosos desta faixa etária que não está vacinado é muito residual”.
40% dos mortos estavam vacinados e 40% não
Os dados enviados pela DGS revelam ainda que em agosto 40% da população portuguesa tinha a vacinação completa, 40% não estava vacinada e 10% só tinha uma dose.
André Peralta Santos sublinha que, apesar de as percentagens de mortes em vacinados e não vacinados serem idênticas, “tem um peso muito mais significativo para os não vacinados, porque são muito menos, não há comparação”.
Ou seja, a letalidade é muito maior entre os não vacinados. O que “só reforça o poder das vacinas”. Argumentando mesmo que “o aumento da percentagem de mortes em pessoas com vacinação completa também era esperado na faixa etária em que está a acontecer, a mais idosa. São as tais pessoas que não conseguem dar uma resposta robusta à vacinação”, refere ao ‘DN’.
Mas, defende, “há outros fatores que podem explicar esta situação, como a emergência de uma nova variante, a Delta, associada à Índia, que temos no nosso país desde maio, que já se tornou predominante, e sobre a qual há indicações de que é mais severa em relação à transmissibilidade do que as variantes anteriores”, afirma André Peralta Santos.
O mais importante, considera, é que “as vacinas continuam a demonstrar um grande efeito protetor para a doença grave e para a morte”. Por isso, “o importante não é olhar para a letalidade de quem tem a vacinação completa, mas sim comparar o risco de morte de quem está vacinado e de quem não está”, conclui.
Mais de 6,7 milhões de pessoas (66%) residentes em Portugal completaram a vacinação contra a covid-19, segundo o relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS), ontem divulgado.
De acordo com o relatório, até domingo 6,76 milhões de pessoas (66%) concluíram a vacinação e 7,79 milhões (76%) tomaram pelo menos uma dose de vacina.
As pessoas mais velhas, que começaram a ser vacinadas mais cedo, estão entre as mais imunizadas, com 90% (50-64 anos) a 97% (65 anos em diante) com a vacinação completa.