A vacinação dos jovens dos 12 aos 15 anos não foi aprovada pela Direção Geral de Saúde de forma universal, ficando a vacina restrita às crianças com problemas de saúde e a decisão nas mãos dos médicos assistentes. Pais e directores pedem que a medida seja alargada.
“As crianças têm o direito de estarem tranquilas nas escolas sem o problema de terem de confinar quando um dos alunos da classe testa positivo”, disse o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, em declarações ao Correio da Manhã.
“Quanto mais jovens vacinados melhor para o funcionamento das escolas. A vacinação a partir dos 12 aumenta a segurança”, referiu ao mesmo jornal o vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, David Sousa.
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascensão, tem uma opinião na mesma linha e diz também ao Correio da Manhã que a “segurança dos filhos deixa os pais mais tranquilos”, lembrando que a “vacinação não é apenas uma decisão individual é também uma questão de salvaguardar a segurança da comunidade”.
O jornal avança ainda que a Ordem dos Médicos convocou o gabinete de crise para emitir um comunicado oficial. “Não há problema em vacinar os jovens com mais de 12 anos”, considera Miguel Guimarães, mostrando que discorda da decisão da DGS.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu neste domingo que a vacinação de crianças com idades entre 12 e 15 anos sem doenças tem de ter prescrição médica, não bastando a vontade dos pais, como defendeu o Presidente.
Num esclarecimento enviado à agência Lusa, a DGS considerou, depois de ouvida a comissão técnica de vacinação contra a covid-19, que “deve ser dada a possibilidade de acesso à vacinação a qualquer adolescente com 12-15 anos por indicação médica”.
No sábado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que as autoridades de saúde não proibiram a vacinação contra a covid-19 para crianças saudáveis, considerando que “esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”.
Pelo menos por enquanto, a vontade dos pais não é suficiente para que a população com idades entre 12 e 15 anos e sem doenças seja automaticamente imunizada, embora isso possa ser conseguido caso o médico avance com uma prescrição.
A DGS refere, no entanto, que, no caso dos adolescentes desta idade (12 a 15 anos) que tenham comorbilidades associadas, a vacinação contra a covid-19 é prioritária.
Referindo que “emitirá recomendações sobre vacinação universal de adolescentes com 12-15 anos logo que estejam disponíveis dados adicionais sobre a vacinação destas faixas etárias”, o organismo liderado por Graça Freitas lembrou que, mesmo com indicação médica, a vacinação deve respeitar as faixas etárias em vacinação em cada momento.
“Tratando-se de menores, a vacinação é discutida com os pais ou representantes/tutores legais”, acrescenta a DGS num esclarecimento que cita o parecer emitido na sexta-feira.
O esclarecimento da DGS surgiu na sequência de declarações feitas por Marcelo Rebelo de Sousa no sábado, no consulado de Portugal em São Paulo, no Brasil.
“As crianças vacinadas beneficiam de uma prevenção que lhes é positiva, isso não foi vedado, nem proibido pela DGS e está aberto aos pais em termos de escolha para os seus filhos”, sublinhou então o Presidente da República, acrescentando que haver crianças vacinadas “que possam certificar essa vacinação” pode “fazer a diferença”, nomeadamente para a frequência de escolas.