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Portugal estava numa situação mais grave da última vez que saiu do estado de emergência

Portugal transitou do estado de emergência para calamidade em maio do ano passado. Existiam mais pessoas internadas nos hospitais e registavam-se mais óbitos.

O atual estado de emergência termina a 30 abril, apenas três dias antes da próxima fase de desconfinamento que já prevê menos restrições à atividade e circulação pelo país. E o Presidente da República já anunciou que não haverá uma renovação do estado de emergência, tendo em conta a evolução de diversos indicadores. Mas como está o país face à última vez que deixou de estar neste regime de exceção? Melhor, em várias métricas.

Marcelo Rebelo de Sousa justificou a sua decisão com a redução do número de mortes, dos internados em enfermaria e cuidados intensivos, assim como a redução do Rt (indicador de contágio) e a estabilização do número de infetado (a incidência da pandemia). “Pesou também o avanço em testes e, ainda mais importante, em vacinação, que saúdo e incentivo”, acrescentou o Chefe de Estado na declaração que fez ao país na terça-feira.

Qual é a situação do país? Atualmente, encontramo-nos na “zona verde” da matriz de risco, com o índice de transmissibilidade, ou seja, quantas pessoas um infetado contagia, em média, a rondar o 1. Já a incidência é de cerca de 70 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o que está abaixo do limiar de risco de 120 casos.

Quanto aos óbitos, estamos hoje com uma média de cinco mortes por milhão de habitantes, adiantou André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), na reunião do Infarmed desta terça-feira. Nas últimas semanas, o número de mortes diárias não tem chegado aos dez, sendo que esta segunda-feira foi o primeiro dia sem óbitos desde o início de agosto.

O número de hospitalizações devido à doença “mantém uma tendência ligeiramente decrescente” e a ocupação em unidades de cuidados intensivos (UCI) está abaixo das 100 camas ocupadas, o que é “manifestamente positivo”, segundo sinalizou o perito.

Já segundo o boletim da DGS de terça-feira, há 346 pessoas internadas, das quais 86 em unidades de cuidados intensivos, o que representa mínimos de setembro em ambos os casos.

Evolução Internamentos

Já quanto à taxa de positividade no território nacional, numa altura em que tem vindo a aumentar a testagem “está abaixo do indicador de referência dos 4%, o que é muito positivo”, salientou também o especialista da DGS.

No ano passado, foi decretado estado de emergência em Portugal a 18 de março. Depois de um confinamento para travar o contágio por Covid-19, o estado de emergência terminou à meia-noite do dia 2 de maio. A partir daí o país entrou em estado de calamidade e arrancou o desconfinamento, cuja primeira fase estava prevista para 4 de maio.

Como estavam os indicadores do país nessa altura? O número de novos casos rondava os 200 (203 a 2 de maio). António Costa revelou, no anúncio da saída do estado de emergência, que o número de novos casos continuava “a diminuir, não obstante ter aumentado significativamente o número de testes realizados”, sendo a percentagem de casos positivos relativamente aos testes realizados de 5,5%.

Novos casos diários de Covid-19

Já o número de óbitos rondava os 20 (16 a 2 de maio), sendo de sinalizar que a tendência foi de estabilização. A partir de 4 de maio, o número de mortes diárias nunca excedeu as 20 até 16 de outubro. Já o índice de transmissibilidade estava próximo de 1.

Na última vez que o país saiu do estado de emergência, o número de internados rondava os 800 (855 a 2 de maio), dos quais cerca de 150 em UCI. “A taxa de ocupação das camas das unidades de cuidados intensivos foi sempre entre 50% e 65%, e destes, só 50% a 60% são doentes com Covid, o que significa que, mesmo nos piores momentos, a nossa capacidade de assegurar cuidados intensivos nunca esteve em causa”, detalhou o primeiro-ministro, na altura.

Os números tiveram uma evolução positiva durante o desconfinamento no ano passado, existindo apenas problemas em Lisboa, onde as restrições se mantiveram durante mais tempo. Em setembro reabriram as escolas e o movimento foi retomado, nomeadamente com o regresso de alguns ao trabalho presencial. Os indicadores da pandemia começaram a piorar, e Portugal teve de regressar ao estado de emergência em novembro.

Na altura em que o país voltou ao estado de emergência, o objetivo era “poder eliminar dúvidas jurídicas”, segundo explicava António Costa, nomeadamente quanto à imposição de limitações à circulação em diferentes zonas do país e à legitimidade para medir a temperatura dos cidadãos em locais públicos ou de trabalho.

No início de novembro, registavam-se cerca de três mil novos casos e o número de óbitos diários era de cerca de 50. O número de internados rondava os dois mil, e na UCI existiam cerca de 300 camas ocupadas com doentes com Covid-19. Já o índice de transmissibilidade estava acima de 1, rondando o 1,1.

fonte: https://eco.sapo.pt/2021/04/28/portugal-estava-numa-situacao-mais-grave-da-ultima-vez-que-saiu-do-estado-de-emergencia/